sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

o conto daquele que já não o podia mais contar,

estava quente,
quente o bastante para reclamar, como todos sempre costumaram fazer,
e ainda o fazem,
pelo simples fato de não saber como será seu amanhã, nem se importar com isso.

escovou os dentes rapidamente, parecia apressado,
o fez inutilmente, já que doze minutos depois já estava banhando-os de uma grande quantidade de açúcar, cevada e ideias mirabolantemente achatadas,
tão deformadas que o fez esquecer de como tudo isso não passa,
mesmo quando você quer que passe.

e foi, foi para onde seu destino o mandou,
sem nem saber,
entrou na variante estupidamente móvel sem nem olhar pra trás
não se arrependeu
não teve tempo pra isso
sorriu, gritou
cantou,
não como se fosse sua última vez,
não disse a ninguém o que realmente deveria ter dito,

e já não importava mais,
sem luz, tudo é mais fácil,
todas as curvas são menos acentudas,
a música mais alta que o som do movimento não acusava nada nem ninguém,
e nunca precisou,

em tão poucos segundos,
onde existia o 99, já não existe mais nada,
nem ninguém,

só sua história,
que ninguém nunca poderá contar.

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